Por Túlio Henrique Pereira
Uma das iniciativas do Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica (GEPAFRO) é oportunizar a evidenciação de memórias e dar voz às histórias negligenciadas pelas mídias e pela historiografia oficial ao longo do tempo. O registro dos cantos, das religiosidades e das imagens da população afro-brasileira faz parte deste projeto, chancelado pela Universidade Regional do Cariri (URCA), e reflete o compromisso crescente com a diversidade cultural, a justiça social e a reinterpretação da história por meio de perspectivas sub-representadas.
Narrativas esquecidas é parte de uma ação, na qual imagens e vídeos de pessoas com rico patrimônio cultural e narrativo, serão compartilhados através dos canais de comunicação do GEPAFRO, tanto no YouTube, quanto no Instagram. O primeiro conteúdo compartilhado foi um teaser da senhora Maria Lúcia Simão, uma griot, nascida em Aquiraz, cidade litorânea da região metropolitana de Fortaleza, no Ceará. No vídeo ela narra a sua história e desejo de incursão na vida religiosa do catolicismo.
O GEPAFRO possui abordagem multidisciplinar e busca preencher lacunas no entendimento da história afrodiaspórica na região do Cariri, explorando experiências, contribuições culturais e desafios enfrentados por comunidades afrodescendentes ao longo dos anos. A partir da pesquisa histórica, etnográfica e análise de fontes primárias e secundárias, a iniciativa se dedica a desenterrar narrativas que, por muito tempo, foram relegadas às margens.
O projeto também envolve a colaboração entre pesquisadores, estudantes, jornalistas e membros das próprias comunidades afrodescendentes, fomentando uma abordagem participativa que valoriza o conhecimento local e as experiências compartilhadas. Nas reuniões formativas do coletivo expandem-se os conhecimentos teóricos acerca da negritude, da educação antirracista e do racialismo, de modo a não apenas expandir a compreensão acadêmica, mas também criar diálogos e debates mais amplos, integrativos e inclusivos sobre experiências subjetivas acerca das heranças afrodescendentes na região.
O GEPAFRO contribui para uma reavaliação das narrativas hegemônicas e oferece uma plataforma para que vozes, antes marginalizadas, possam ser ouvidas, amparadas, fortalecidas e valorizadas.