Desvendando a diáspora africana: Novas perspectivas de pesquisa em História Étnico-Racial

Leia a notícia por completa mais abaixo!

Por Túlio Henrique Pereira

A diáspora africana representa a dispersão das populações africanas ao redor do mundo em razão do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas. Afrodiaspórico é um termo que pode ser compreendido como sendo todas as pessoas com descendência africana espalhadas pelo planeta, ou seja, a partir da migração forçada dos povos do continente africano.

O interesse em pesquisar a diáspora e a história étnico-racial de ascendência africana tem sido cada vez mais intenso e presente no seio das universidades e institutos de pesquisa. Na vanguarda dessa investigação estão acadêmicos e historiadores das artes e das visualidades, da antropologia, sociologia, da história social e do trabalho, e da psicologia; estes estão a lançar novas luzes sobre as complexidades que se apresentam no processo de leitura e investigação desse fenômeno histórico.

No tempo presente, apesar da rarefação do ativismo político nas universidades, a busca por uma compreensão mais profunda das experiências afrodescendentes têm levado a uma exploração mais complexificada da diáspora africana nos currículos. Essa investigação desafia interpretações tradicionais e produz narrativas contundentes.

Uma nova abordagem de pesquisa está ocorrendo em universidades e instituições de todo o mundo, incluindo as universidades brasileiras, tais como, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Estadual de São Paulo (USP), Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), entre outras, onde professores e estudantes estão investigando experiências e escrevendo histórias que foram por muito tempo invisibilizadas. 

Segundo o historiador Dr. Túlio Henrique Pereira, escritor e pesquisador líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica: “A diáspora africana não se restringe aos destinos dos africanos transplantados compulsoriamente, mas também aglutina e atravessa suas influências culturais nos territórios em que habitam, inclusive na origem, tais como a linguagem, a rítmica da dança, os tratos e compreensões políticas, toda a gama de trocas e adaptações que ocorreram ao longo do processo histórico. Ao imergir nossos olhos para a observação, leitura, comparação e análise de documentos históricos negligenciados pela historiografia oficial, testemunhos orais e até mesmo expressões culturais contemporâneas de pessoas lidas como comuns, podemos escrever uma narrativa histórica com um pouco menos de lacunas”.

Um aspecto crucial desse novo enfoque é a busca por histórias de resiliência e resistência para além do escravismo, pensando o bem-estar, o lazer, a saúde e os cuidados mentais, morais, religiosos e o alcance econômico. Muitos acadêmicos estão explorando como as comunidades afrodescendentes não apenas sobreviveram, mas também deixaram uma marca indelével nas culturas e sociedades pós-coloniais. As histórias de líderes, artistas, intelectuais e sujeitos comuns que desafiaram as adversidades também estão recebendo destaque.

Com o avanço da pesquisa digital e o acesso a fontes historicamente negligenciadas, a compreensão da diáspora africana está se tornando mais rica e multidimensional. Museus, bibliotecas e arquivos também estão se esforçando para tornar os materiais mais acessíveis para estudantes e pesquisadores interessados nessa temática.

Enquanto avançamos para um futuro mais inclusivo e consciente, o estudo da diáspora africana desempenha um papel fundamental na narrativa global da história. As novas perspectivas de pesquisa em história étnico-racial estão revelando não apenas as lutas, mas também os triunfos e a riqueza da cultura material e imaterial das comunidades afrodescendentes ao redor do mundo.